Para começar a povoar os seus canais digitais você precisará produzir peças de comunicação que são, eminentemente, compostas por textos e imagens. Há softwares, gratuitos e acessíveis por navegadores, que te ajudam na efetiva produção das peças. Mas qual é o ponto de partida para iniciar essa produção? Quais são as ideias ou conceitos mais fundamentais que devem orientar a sua comunicação? Bom, para explicar tudo isso, vamos falar de marca para micro e pequenas empresas.

Neste texto não vamos falar exatamente da logomarca, que é o conjunto formado pelo elemento visual (ou símbolo) e o logotipo da sua micro ou pequena empresa. Isso será assunto para um texto futuro. Aqui vamos falar de conceitos que, inclusive, embasam a construção dessa logomarca. Vamos falar de identidade, representação, imagem e alinhamento com os públicos. Ficou curioso em saber o que isso tem a ver com uma logomarca? Então vamos lá!

 

Realidades do micro e pequeno empreendedor brasileiro: empresa e empreendedor são um ente só

Todo mundo sabe que o Brasil é, economicamente falando, um dos países mais desiguais do mundo. E todo mundo também sabe que a jornada do empreendedor aqui é muito difícil – apesar do país ter muitos “empresários”.

No Brasil, o número de CNPJs ativos é mais do que a metade do número de pessoas que trabalham com carteira assinada – são quase 20 milhões de CNPJs ativos e 29 milhões de celetistas. Se analisássemos esses dados superficialmente, diríamos que o país tem quase o mesmo número de empresários e trabalhadores… É meio maluco isso, não?

Marca para micro e pequenas empresas

O micro e pequeno empreendedor brasileiro é um "faz tudo": enquanto aguarda uma reunião, atende um cliente pelo telefone e atualiza seu balancete pelo computador

Quando nos aprofundamos nos dados descobrimos uma realidade ainda mais preocupante: 72% das empresas brasileiras faturam menos do que 2 mil reais por mês. Agora pensa bem: como é que uma empresa, que fatura só 2 mil reais pode contratar um funcionário?

A verdade é que não contrata. Na enorme maioria das empresas do Brasil, o empreendedor é um faz-tudo: cuida da operação, do administrativo e do marketing. A pessoa que faz o produto é a mesma que vende, que cuida das finanças, dos tributos, da divulgação nos canais digitais… Em outras palavras, a empresa e o empreendedor são praticamente uma coisa só.

A uma altura dessas você deve estar se perguntando: “OK, interessante, mas o que isso tem a ver com marca para micro e pequenas empresas”? Ora, tem tudo a ver! A marca é uma representação da identidade da empresa. E se ela é quase uma “eumpresa”, você terá que representar… a sua identidade?

 

Marca é representação: conceitos e valores da sua marca

“Mais ou menos”, é a resposta para a pergunta acima. Você sim, terá que representar a sua identidade na sua marca. Mas ao mesmo tempo é importante pensar quais dimensões da sua identidade você quer transferir para o seu negócio e quais você não quer.

Tudo isso pode soar muito psicológico, mas com exemplos talvez fique mais claro. Vamos pegar o de uma pessoa perfeccionista – nós o chamaremos de Rogélio. E vamos imaginar que ele fabrica e vende cervejas artesanais.

Marca para micro e pequenas empresas

Na realidade "eumpresário", parte da sua identidade vai ser transferida para a personalidade da marca

Se o Rogélio coloca muito capricho em tudo que faz é de se imaginar que ele faça o mesmo com sua cerveja, correto? Então podemos afirmar que ele vai fazer de tudo para desenvolver um produto de alta qualidade.

Pronto: está aí um traço da identidade do Rogélio – o perfeccionismo – que pode ser traduzido na “personalidade” da marca. E imaginando que nosso personagem é um micro ou pequeno empreendedor, ele próprio quem irá vender a sua cerveja. Ou seja, o comprador vai encontrar pessoalmente o Rogélio e pode associar o elemento da sua identidade (o perfeccionismo) ao atributo do produto, a alta qualidade.

Mas vamos supor que Rogélio, além de perfeccionista, também seja um cara meio tímido, introspectivo, que não gosta de muito contato físico com as pessoas com quem ele não tem intimidade. Esse é um traço da sua personalidade que pode ficar explícito no momento da venda, certo? Consequentemente, seus compradores podem começar a acha-lo frio e atribuir ao seu produto a mesma característica, correto?

É essa importante autoanálise que precisa ser levada em consideração na hora de começar a pensar na marca da sua micro ou pequena empresa. Quais são os elementos da minha identidade que eu quero transferir para minha empresa, produto ou serviço? Esses elementos agregariam ao negócio? E quais são os elementos da minha personalidade que, do ponto de vista de negócio, mais atrapalhariam que ajudariam? Como eu posso evitar que esses traços fiquem evidentes na minha empresa?

 

Personalidade de marca para micro e pequenas empresas: alinhando a identidade da empresa ao público

A partir do momento que você identificar quais traços quer tentar “transferir” para sua empresa, poderemos começar a pensar nos atributos ou “elementos da personalidade” da marca. Mas você se lembra quando dissemos que não produzimos e veiculamos conteúdos para nós mesmos e sim para um outro que queremos tocar, sensibilizar, informar, influenciar e engajar? Então agora é a hora de olhar para esse outro e analisar o que ele espera da sua marca.

Voltemos ao Rogélio, nosso cervejeiro. E imaginemos que a cerveja dele caiu no gosto de consumidores realmente entendidos: eles conhecem os ingredientes, o processo de fabricação, as fontes de matéria-prima, os tipos de cevada… Se o público do Rogélio espera uma cerveja de alta qualidade e tem interesse nas informações sobre o produto, não seria o caso dele produzir um site no qual explique com uma certa riqueza de detalhes todo o conhecimento envolvido na fabricação? Ele não estaria, assim, demonstrando expertise – que talvez passe a ser um atributo da marca?O caso do Rogélio exemplificou como podemos ir construindo a personalidade de marca de uma empresa conjugando elementos da identidade empresarial com o que o mercado espera. É nesse processo que vamos também identificando e destacando os atributos da marca. A partir deles começa a ficar mais claro como representar a marca – seja nas peças de comunicação, seja nas outras ações da empresa.